séc. 21
29 julho 2007
  Endoidecer em silêncio [Não endoideçais. Ninguém vos agradecerá por isso. Pelo contrário, sede sanos e fazei da vida um milagre invejável!]
Já te aconteceu alguma vez ouvires sem parar alguém e sentires vontade de participar mas, como essa pessoa nem reparasse que fazias um esforço por bem ouvi-la e por se sentir amparada e querida, e compreendida e por quereres participar na "discussão", tu te sentires inútil e te perguntares a ti própria: "mas o que é que eu estou aqui a fazer?". Até que por fim, desligas-te do mundo real e continuas perguntando a ti mesma: não poderia eu estar exactamente neste mesmo momento a fazer algo de mais útil para mim e para a humanidade, em vez de estar a ouvir o mesmo lamento vezes e vezes sem conta, como se fosse um CD estragado, estragado, estragado, estragado, estragado, estragado,... como se fosse um CD estragado, estragado, estragado, estragado, estragado, estragado,... como se fosse um CD estragado, estragado, estragado, estragado, estragado, estragado,... como se fosse um CD estragado, estragado, estragado, estragado, estragado, estragado,...Até que por fim, desligo do mundo real e continuo perguntando a mim mesma: não poderia eu estar exactamente neste mesmo momento a fazer algo de mais útil para mim e para a humanidade? Sim! E aí, conecto-me com a realidade e reparo que estive sempre ouvindo o mesmo bouquet de palavras, de sentimentos, prestando o mesmo serviço a uma pessoa que não é capaz de me perguntar em algum momento: "...e tu?" Sempre que não oiço esta pergunta, penso para mim pp que essa pessoa tem certamente problemas mais difíceis do que os meus para resolver, mas que pelos vistos não precisa da minha opinião para chegar lá. Que amiga sou eu? Que pessoa é ela? Que relação temos nós? Que diálogo falta no meio disto tudo? Que perguntas me faço para que não me consuma em mares de tédio, cujos problemas me não são familiares? Que escrita é esta e para que serve: desabafar? Qual será a minha capacidade de armazenagem, de sustentação e o meu prazo de validade? Será que a sanidade tem rótulo e a insanidade manda um sms de aviso de chegada ao destino? Não quero os problemas que não são meus. Não assumo, em caso algum, a sua maternidade. Quero a minha sanidade de volta. Quero inspirar e expirar condignamente. Quero estar com quem me faz bem. Quero um vida simples, para trincar, tirar pedações e pedacinhos, saborear, cuspir, engolir talvez. Quero salivar mais e mais por uma vida que me dê prazer. Quero prazer. Quero estar, quero ser.

E tu?
 
24 julho 2007
  Um pouco de BOM gosto popular
Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei.
Fernando Pessoa
 
07 julho 2007
  Obrigada, Tozé ;)
QUASE!
Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase!


É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.

A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor.

Mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em si. Gaste mais horas a realizar do que a sonhar... A fazer, do que a planear... A viver do que a esperar...

Porque, embora quem quase morreu esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Luís Fernando Veríssimo
 

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