É triste constatar que encerrámos o ano 2008 com mais mortes palestinianas no Médio Oriente. Ainda mais difícil é assistir à inércia das "potências mundiais" em travar a sedenta demanda israelita, que já tanques coloca nas fronteiras da Faixa de Gaza, sendo que esta não só se depara com uma crise humanitária (simplesmente, a pior de sempre!) como com ataques aéreos que matam desenfreadamente civis.
A comunidade internacional não compreende que o Hamas (um acrónimo do Movimento da Resistência Islâmica) existe para resistir ao colonizador. Como é que a comunidade internacional poderá ser assim tão cega? Se atendessem, por escassos segundos que fossem, à definição de colonização, perceberiam a injustiça que cometem em não parar a ameaça que Israel representa.Sendo colonização o "acto ou efeito de colonizar" e, esta, "a de estabelecer colónia em", eis aqui a definição de colónia: "Povoação de colonos; grupo de imigrantes estabelecidos em terra estranha; região sob o domínio de uma nação".
Israel é o último colonizador da História. À sua semelhança, a Indonésia tentou apoderar-se de Timor pela força, mas não logrou, graças à intervenção internacional e aos fracos apoios à sua causa. Já Israel, o filho bastardo dos EUA e enteado desobediente da ONU (é toda uma lista de resoluções que Israel pura e simplesmente não respeita nem cumpre), está bem equipado, de moral alta e bem mantida à custa da culpa do Ocidente relativa ao holocausto e das muitas "caças aos judeus" anteriores, um pouco por toda a parte (Portugal incluído).
E o que pensam os nossos políticos disto?O nosso presidente fez uma intervenção por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na Sinagoga de Lisboa, a 27 de Janeiro de 2008 (http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=12702). Pergunto-me: Onde está a sua intervenção a condenar a acção violenta levada a cabo por Israel há já uma semana?
Enquanto estudiosa do conflito israelo-palestiniano, é fundamental - no meu ponto de vista - atender ao seguinte facto histórico: o estado de Israel comemorou a 14 de Maio, 60 anos de existência. Este estado foi auto-proclamado por Ben Gurion e rapidamente legitimado pelos EUA, União Soviética e Grã-Bretanha. Mas em que território?...Apoiando-se no plano de partilha da terra palestiniana elaborado pela ONU em 1947, Israel nasce assim da sua auto-proclamação, contra o consentimento dos palestinianos e dos países árabes em redor, relativo ao mesmo plano. Os próprios palestinianos sonhavam com o seu próprio estado enquanto passavam das mãos dos Otomanos para as do mandato britânico, subjugados à mercê da sentenciadora Sociedade das Nações.
Chegada a Segunda Guerra Mundial e a repulsa dos judeus (nazi, mas também dos países largamente procurados como refúgio de emigrantes), o movimento sionista, nascido no final do séc. XIX, viu a sua "profecia" concretizar-se: os filhos de Israel haveriam de voltar ao "Eretz Israel", a terra que a Bíblia (com a força que tem) consagra como destinada aos filhos de Abraão, a tão famosa terra prometida. Mas que Terra Prometida é esta que não seja a roubada pela força aos povos que lá viviam? Em pleno séc. XX??? O que se chama a esta colonização senão isso mesmo? E nas barbas do mundo... Perguntei-me muitas vezes como é isto possível e a resposta não é, de todo, lógica.
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